domingo, 25 de março de 2012

Luanna: exemplo de que para Deus tudo é possível!



Sandro Neves – SUCESSO – Deficiente é uma palavra que pouco se aplica a Luanna, pois, agora, ela busca novos caminhos.
Luanna Honorato Diniz, 25 anos, é a primeira deficiente visual a concluir, com brilhantismo, o curso multiperiódico, de quatro anos, de fisioterapia, na Universidade de Uberaba (Uniube), tornando-se a melhor aluna, na avaliação dos professores.

A outorga ocorreu no último dia 18, às 20h, no Centro Cultural Cenecista Joubert de Carvalho.

Luanna afirma que a graduação abre uma nova perspectiva em seu futuro profissional. Segundo ela, o estudo não termina nunca e seu objetivo, com o diploma do Curso de Fisioterapia em mãos, é entrar no mercado de trabalho. “As pessoas ‘normais’ desperdiçam a vida. Quando pensarem no futuro, verão que perderam tempo e oportunidades. Esses fatores sim, são bem maiores que a cegueira”, avalia.

Diniz conta que nasceu com Glaucoma. Aos dois anos, a patologia atacou o olho esquerdo, e, com sete anos, fez uma cirurgia na cidade de Belo Horizonte, na qual, através de erro médico, descolaram a sua retina. Os obstáculos não impediram Diniz de cursar e concluir o Curso de Fisioterapia. “Nasci em Coromandel-MG, mas moro no Instituto dos Cegos do Brasil Central há 14 anos, onde realizo diversas atividades. Me considero privilegiada por possuir uma família maravilhosa, que me apoia em tudo”, salienta.

A jovem lembra que se interessou pela fisioterapia após adquirir epicondilite (uma inflamação na região do epicôndilo do cotovelo). Ao passar por sessões de fisioterapia, gostou do trabalho da fisioterapeuta que a atendeu.



Especialização – Deficiente é uma palavra que pouco se aplica a Luanna, pois, agora, ela busca novos caminhos. Seu intuito é se especializar em Osteopatia. Ela explica que é uma ciência e filosofia, na qual o terapeuta busca devolver ao corpo a funcionalidade e o equilíbrio, permitindo ao paciente melhorar sua qualidade de vida. “Acredita-se que, por meio de um sistema de tratamento que utiliza as mãos e uma abordagem de forma global, o corpo é capaz de criar seus próprios instrumentos de restauração para defender-se de diversas patologias”, ressalta.



ICBC – A executiva de alianças estratégicas do Instituto dos Cegos do Brasil Central (ICBC), Hellen Neves, explica que o instituto é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, beneficente, de assistência social, educacional e de saúde. Com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada, desenvolve suas ações com certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social desde 1963.

Reconhecido como Utilidade Pública Municipal e Federal, oferece serviços gratuitos de habilitação e reabilitação para pessoas cegas e com baixa visão, em regime de internato, semi-internato e externato.

Hellen ressalta que, atualmente, realiza cerca de 200 procedimentos/dia, para uma população de crianças e adolescentes, distribuídos numa faixa etária que varia de três meses a dezoito anos incompletos; atende a adultos e idosos, chegando-se ao total médio de 180 pessoas atendidas mensalmente.

“Aliado aos atendimentos diretos, o ICBC assiste às famílias dos atendidos, em sua quase totalidade de baixa renda, a fim de reforçar as garantias de cidadania para toda esta população sob risco social, que atingiria pelo menos 540 pessoas por mês, considerando uma média de três pessoas por família. O ICBC é mantido por seus Sócios Contribuintes, doações, parceiras com entidades públicas e privadas”, acrescenta.
Fonte: http://jornaldeuberaba.com.br/site/deficiente-visual-supera-limitacao/

sexta-feira, 23 de março de 2012







PARTICIPAÇÃO TOTAL E IGUALDADE
Ana Maria Pereira Dionísio
Formada em Letras, Pós Graduação em Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia




Artigo publicado na Revista da Escola F.A.S. de Uberaba - Minas Gerais - 2011







A participação na escola não envolve apenas o cumprimento das funções atribuídas a cada um dentro de sua área. Ela é a apropriação do senso de grupo. Um grupo que constrói sua realidade influenciando no currículo, no ciclo didático e nas atividades. Se existe este envolvimento é muito provável que a equidade deixe de ser apenas um conceito teórico e passe a balizar as ações educativas em prol do atendimento das necessidades específicas de cada um.
Esta conduta envolve o ambiente escolar numa democracia consciente e com resultados positivos. Onde a liberdade é a voz dos participantes no processo, a equidade a consciência do eu e do outro(nossas necessidades e/ou diferenças) e a participação a condução de todos os envolvidos rumo ao mesmo norte, ou seja, com a mesma razão e motivação para trabalhar e lutar por uma realidade melhor.
Para Winnicott (1983) o amadurecimento está diretamente ligado a interação de um ambiente facilitador com um organismo com uma inata tendência a continuar a ser, se integrar e amadurecer.
Quando o ambiente é facilitador, significa que ele também é acolhedor. Acolhe nosso ser como ele é e respeita as diferenças e limites. Sentir-se acolhido é sentir-se abraçado e ter as necessidades atendidas. Dessa forma, o amadurecimento segue seu curso natural.
Assim, a inclusão de pessoas com deficiência promove o amadurecimento e desenvolvimento delas, juntamente com o amadurecimento e desenvolvimento dos demais alunos, principalmente pela relação que se estabelece numa ação natural no ambiente escolar. Por ação natural compreendo o olhar o outro e perceber sua necessidade e sua dificuldade, assumir minhas limitações e dificuldades e procurar superá-las.
O que nos leva a considerar que a maior razão para promover a inclusão de crianças com deficiências e com histórico de privações nas escolas regulares é o aumento das oportunidades de aprender por meio da interação com os outros e promover a sua participação na vida da comunidade.
Para que haja a inclusão de forma efetiva é necessário considerar a necessidade de todos os alunos independente de sua condição física, social, financeira ou étnica. Se buscamos construir uma sociedade mais justa e harmoniosa essa construção se dá em primeiro lugar no seio da família e se prolonga na escola. Por este motivo os laços entre família e escola devem ser cada vez mais estreitos e transparentes, para que haja uma participação efetiva de todos e igualdade com respeito às diferenças.


Através da Educação Para Todos, deveria ser possível possibilitar a todos os seres humanos – incluindo os deficientes – desenvolver todo o seu potencial, contribuir para a sociedade e, acima de tudo, serem valorizados por suas diferenças e não desvalorizados. Em nosso mundo constituído de diferenças de todos os tipos, não é o deficiente, mas a sociedade na sua grande maioria que precisa de uma educação especial com o objetivo de se tornar uma genuína sociedade para todos.”
Federico Mayor, Ex-Diretor Geral de Formação da UNESCO